segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Rio 2016




A decisão final sobre a candidatura do Rio de Janeiro à sede das Olimpíadas de 2016. O assunto dominou esta semana.









Muita gente a favor (dogmáticos e patriotas), muita gente contra (pragmáticos e revolucionários).

Durante muitos anos este debate aconteceu de forma acalorada, porém sem base prática nenhuma, já que nunca tínhamos sediado nenhum evento sequer parecido com os Jogos Olímpicos. Mas isso mudou em 2007 com os Jogos Pan-americanos do Rio.
Neles, tivemos a oportunidade de observar como o nosso país trata este assunto: como planejou e executou o projeto de uma grande competição multimodalidade de âmbito internacional.

Pois bem, diversas interpretações podem ser feitas sobre os fatos, e respeito a todas, mas a minha é que o Pan 2007 destruiu todos os argumentos que poderiam ser eventualmente arrolados para se defender uma nova postulação deste tipo. Numa análise minimamente isenta do que tivemos no ano retrasado, enumero:

1. Os Jogos trarão desenvolvimento urbanístico e de infra-estrutura para a cidade. Mentira: o PAN aconteceu e 95% das obras de infra-estrutura programadas para a cidade sequer saíram do papel. Transporte, moradia, segurança, tudo na mesma;

2. Os Jogos representarão um aquecimento extraordinário para a economia da cidade e até do estado. Mentira: custando cinco vezes mais do que o planejado, e precisando de forte ajuda federal, não consegui encontrar números consistentes (taxa de emprego, renda “per capita”, investimentos de médio e longo prazos) deste aquecimento no caso do PAN. Foi aquele entusiasmo apenas dos dias das competições.

3. Os Jogos deixarão um valioso legado de estruturas esportivas a serem utilizadas após os jogos pela população e/ou atletas brasileiros. Mentira: o complexo Maria Lenk e o velódromo da Barra estão “abandonados”, o Engenhão e o Ginásio Poliesportivo subutilizados sem nenhuma perspectiva de melhora, o Vôlei de praia foi realizado em arena desmontável e o Beisebol foi jogado num campo que já existia e que alagou durante as chuvas nos jogos.

4. Os Jogos favorecerão uma mudança na estrutura esportiva nacional, estadual e municipal, como novas políticas públicas de incentivo à iniciação esportiva e ao esporte de alto nível. Mentira: o PAN rolou até sem muitos erros e nada disso aconteceu. Nossos políticos e dirigentes estão muito mais preocupados com os próprios bolsos e em alimentar seu ego do que com o país.

5. Os Jogos favorecerão o envolvimento da população com outras modalidades esportivas, induzindo a população brasileira a diversificar suas preferências esportivas. Muito relativo: nos dias das provas até acontece algum envolvimento (claro!), mas acabou e voltamos a ser o país do futebol. Já está provado que para ser uma potência Olímpica, muito investimento sério e bem focado é necessário. Mesmo que num rasgo de patriotismo de nossos políticos estes investimentos fossem aprovados, a nossa endêmica corrupção nunca permitiria que eles gerassem bons resultados.

6. Todas as cidades que fizeram Olimpíadas se deram bem e saíram fortalecidas. Nem sempre: em Barcelona isso de fato aconteceu, mas em Atenas não. Montreal (primeiro mundo, heim!) 1976 enfrentou problemas e foram num desastre financeiro, pois de uma estimativa inicial de custo de US$ 310 milhões, as despesas atingiram US$ 1,5 bilhão, acarretando o descontentamento da população canadense e levando o Canadá a passar décadas até conseguir quitar os débitos contraídos para a organização do evento.

Bem acho que chega! Tirem suas próprias conclusões.

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