sábado, 10 de maio de 2014

Os benefícios da dança como atividade física

A dança é mesmo uma forma de terapia. 
Os benefícios da dança como uma atividade física são bem conhecidos: flexibilidade, melhora do condicionamento aeróbico, aprimoramento da coordenação motora e perda de peso, entre tantos outros.

Mas pouco se fala da dança como uma terapia para a alma. Basta observar com um pouco mais de atenção para perceber que os resultados vão muito além do bem-estar físico. Socialização, combate à depressão e à timidez, alegria, auto-estima elevada e disposição para encarar as dificuldades do dia-a-dia são apenas algumas das transformações que se nota em quem se arrisca a adentrar o mágico mundo da dança. Mais do que técnica, é preciso sentimento. 
Ao ensaiar os primeiros passos, a pessoa se desprende dos medos e preconceitos e vê seu estilo de vida ser transformado pouco a pouco.

“A dança é mesmo uma forma de terapia. E qualquer pessoa pode dançar, não existem restrições, nem mesmo de idade. Os passos podem e devem ser adaptações às limitações físicas de cada um, mas não existe impedimento. Basta saber ouvir a música e dançar para você, sempre com muita emoção, e sem se preocupar com os outros”, comenta Ivan Carlos Marcondes, professor de dança da Cia. Jundiaiense de Dança de Salão. Mas quem pensa que a dança é privilégio apenas dos mais jovens se engana. Essa é uma das atividades mais democráticas e que possibilita a participação de qualquer pessoa. Basta apenas se sentir disposto a começar.

“Algumas pessoas dançaram a vida inteira, outras só descobriram esse prazer depois da aposentadoria ou após encaminhar os filhos na vida. E depois que eles começam, não querem mais parar”, comenta Marlene Liveraro Bodelaci, coordenadora do Clube da Terceira Idade (mantido pela Secretaria Municipal de Integração Social – Semis). Bailes, aulas de dança ou mesmo de coreografia. Representantes da Melhor Idade comparecem com um único compromisso: se divertir. Basta observar durante poucos minutos e já é possível perceber a alegria de cada um ao estar ali, dançando. O professor da Cia Jundiaiense de Dança explica que a dança de salão é indicada muitas vezes para quem faz terapia de casal. “Isso porque eles se tornam mais próximos e acabam resgatando toda a cumplicidade do início do relacionamento. A vida a dois com certeza melhora muito, inclusive ao ampliar a roda de amigos”, esclarece Marcondes.

Matéria publicada pelo Site Médico

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Atestado nas academias: 'Não há lei federal que obrigue exame médico'

Atestado médico não é exigido pelas academias por medo de perder clientes.

A prática de exercícios sem o acompanhamento de profissionais tem gerado problemas e chega a causar mortes. 
Em 2013, foram registradas mortes nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraíba e Goiás. 
Há um mês, Cleiton Teodoro, de 27 anos, morreu na sala de musculação de uma academia em Goiânia.

O proprietário admitiu que a vítima não apresentou o atestado e estava se exercitando há apenas uma semana.
 “Se exigir o atestado no ato da matrícula, o aluno vai e faz em outro lugar”, explicou Pedro Gonçalves. 
A reportagem visitou academias no Rio de Janeiro e São Paulo e constatou que a matricula é permitida apenas com a promessa de atestado.
 Em média, o prazo para a entrega do exame é de dez dias.

André Fernandes, presidente do Conselho Regional de Educação Física do Rio de Janeiro e Espírito Santo, explica que o exame médico não é obrigação em algumas regiões. 
“Não existe uma lei federal que obrigue as academias a cobrarem o exame médico, na verdade são leis municipais. Por exemplo, o estado de São Paulo não obriga mais por entenderem que o atestado não valia. No Rio de Janeiro é obrigatório”, disse.

A maioria das vítimas é muito jovem. 
Para realizar as atividades sem riscos, é preciso consultar um médico e conferir a saúde. 
As academias devem exigir atestados médicos, mas nem sempre é rígida o suficiente e acabam liberando a entrada do aluno apenas com uma promessa de entrega futura.

O diretor da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, Daniel Kopíler, fez um alerta sobre a principal causa das mortes em academias: o coração.
 “O grande problema para a prática de atividade física está ligado aos problemas do coração. O que mais mata são problemas cardiovasculares. Na verdade, muitas vezes, a pessoa não sabe que tem esse problema ou esconde”, explicou o especialista.


Matéria publicada pelo site Globo.com 

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Avaliação Física: satisfação gera fidelização e prospecção de clientes



Dados coletados na avaliação física ajudam na composição de treinamento adequado e torna a prática esportiva muito mais satisfatória aos alunos.

A avaliação física é entendida como um procedimento técnico, que coleta informações para verificar a atual condição física do avaliado, e assim, tornar possível a prescrição de um programa de exercícios direcionado e personalizado. Por meio da avaliação, o profissional obtém informações para identificar a melhor atividade para o aluno, além da intensidade e frequência, respeitando a individualidade biológica de cada um.

De acordo com o Documento de Intervenção Profissional de Educação Física, apresentado pelo Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), a avaliação física tem “o objetivo de avaliar o condicionamento físico, os componentes funcionais e morfológicos e a execução técnica de movimentos, objetivando orientar, prevenir e reabilitar o condicionamento, o rendimento físico, técnico e artístico dos beneficiários”. No entanto, alguns profissionais e empresas do setor não realizam a orientação física, ou até mesmo, aplicam o procedimento, mas sem uma reavaliação periódica, fazendo com que o processo se torne apenas uma fonte extra de renda.

Avaliação Física vai muito além do objetivo do aluno


Segundo Mário Pozzi, facilitador da Certificação em Avaliação Física Performa, “se não houver uma preocupação do profissional em buscar o resultado que o aluno apresentou como objetivo, a avaliação e prescrição tendem, em grande parte, falhar e desiludir os clientes em relação à atividade”. 

Já para Luciano Saragossa, responsável técnico do Laboratório de Avaliação Física da Anhanguera Educacional (Campus Guarulhos), os alunos não sentem a importância da avaliação por conta da aparência comercial que alguns profissionais e empresas acabam transmitindo. “Muitas vezes é realizada uma avaliação física inicial e depois de algum tempo essas informações ficam abandonadas. Então, a pessoa tem uma breve noção da sua condição física, porém ao invés da avaliação servir como aspecto motivacional, ela detona a autoestima do aluno, já que ele não está vendo seus resultados”, explica Luciano. “Por isso, quando um aluno diz que a avaliação e reavaliação não servem para nada, eu respondo que não servem para nada e para isso, isso e isso”, brinca.

O que uma boa Avaliação Física deve ter?


Uma avaliação física deve conter, no mínimo, anamnese, medidas circunferenciais, composição corporal, análise postural, testes de flexibilidade, força e cardiorrespiratório. Portanto, para uma avaliação de qualidade é necessário à utilização de critérios e protocolos bem selecionados, que forneçam dados quantitativos e qualitativos, capazes de indicar com precisão a real situação do avaliado.

Avaliação Física: profissional de Educação Física deve ter domínio técnico de adipometria

Ter olho clínico aguçado também é requisito para um bom avaliador. “Não estudamos para diagnosticar doenças, mas se verificarmos algo errado, por que não indicar um trabalho multidisciplinar? É importante orientar e indicar a orientação médica ao aluno quando perceber algum problema, além de estar apto para identificar esses transtornos”, explica o técnico da Anhanguera Educacional.

Conhecimento em PNL é importante na Avaliação Física

Saragossa explica que também é importante o conhecimento em PNL (Programação Neurolinguística) para saber lidar com todos os tipos de alunos na anamnese, evitando certas palavras e gestos, que podem tornar a entrevista fria e distante. Ele exemplifica o fato das mulheres terem que se despir durante a avaliação, que pode ser algo complexo para as mesmas, porém existem técnicas que podem tornar o momento mais confortável e menos traumático. “É muito importante começar a avaliação com uma excelente entrevista para entender o que realmente conduziu o aluno até ali. Além disso, vale mostrar que existem vários fatores que podem impactar na rotina de atividade dessa pessoa, como frio, chuva e trânsito. O aluno tem que entender que ele deve colocar a atividade física como uma mudança de hábito, ou então, ele acaba se desmotivando rápido”, detalha.

Qualificação é o primeiro passo para se tornar um bom Avaliador Físico


Com isso, é possível perceber a necessidade do aperfeiçoamento e da qualificação dos profissionais de Educação Física, principalmente quando se trata de avaliação física e prescrição de exercícios. Cursos e certificações podem aumentar o domínio em planejamento, acompanhamento e prescrição, e assim, melhorar a qualidade das atividades realizadas. “Existem cursos e certificações que orientam os profissionais a realizarem uma avaliação física de qualidade, e isso se torna um diferencial no mercado, que sofre com a escassez de avaliadores especializados e certificados”, explica Mário, afirmando que “além dos parâmetros, é fundamental entender o objetivo do aluno para obter eficácia na avaliação física. O mais importante é tornar esse objetivo algo possível”.

Kit básico de Avaliação Físcia pode variar de R$500 a R$2 mil

No caso do personal trainer, que muitas vezes enfrenta dificuldades na terceirização da avaliação física por conta de locomoção e disponibilidade de horários dos clientes, esse aperfeiçoamento acaba se tornando fundamental. Como o personal trainer faz um trabalho de acompanhamento individual e personalizado, para evitar lesões e garantir a execução correta dos exercícios, a avaliação física é de extrema importância. “O personal trainer em a chave do sucesso nas mãos, pois além dele aplicar o próprio treino, a aproximação com o aluno acaba sendo maior, facilitando um trabalho satisfatório e gratificante quando o avaliado entende a importância da prática”, afirma Mário. De acordo com os entrevistados, um kit básico de avaliação física deve conter uma balança portátil, compasso de dobras, fita métrica, frequencímetro e estadiômetro. Um kit pode variar de R$ 500,00 a 2 mil reais.

Não basta apenas uma avaliação física, aluno deve ser reavaliado periodicamente

O correto é que o aluno faça periodicamente a reavaliação, permitindo comparações para o acompanhamento do seu progresso, tanto de forma positiva ou negativa. Com isso, é possível reciclar o programa de treino e estabelecer novas metas. Segundo os especialistas, essas reavaliações devem ser realizadas de acordo com as necessidades de cada aluno, e podem ser feitas semanalmente ou até mesmo de 90 em 90 dias.

Vale ressaltar que a avaliação física representa mais um serviço disponível ao cliente, que se sente mais satisfeito com o compromisso ético e social transmitido. É importante destacar que a avaliação física não implica na diminuição de captação de matrículas, mas sim, representa uma estratégia de qualidade em atendimento, responsabilidade social e jurídica e, principalmente, fidelização dos clientes.

“É um processo rentável para todos os núcleos. Para o avaliador físico, pois é possível ter um ótimo retorno financeiro; ao empreendedor (dono de academia), pois motiva os alunos a treinar; e ao aluno, pois é altamente satisfatório ver que o esforço, de forma qualitativa, trouxe resultados”, ressalta Luciano, finalizando que “a avaliação física é uma ferramenta valiosa, que devemos investir e aperfeiçoar cada vez mais”. 

A Biomecânica e a Educação Física

O corpo humano é um dos principais objetos de estudo do homem. 
A busca por compreender o seu funcionamento, contrapõe-se sua complexidade, levando cientistas e estudiosos a aprofundar cada vez mais os seus estudos.


Dentro deste âmbito se encontra a Biomecânica, que é uma disciplina derivada das ciências naturais que se preocupa com a análise física dos sistemas biológicos, examinando, entre outros, os efeitos das forças mecânicas sobre o corpo humano em movimentos cotidianos, de trabalho e de esporte.

No século XX ocorreram grandes avanços tecnológicos que se refletiram nos métodos experimentais usados em praticamente todas as áreas de atuação científica, incluindo a Biomecânica, ocasionando um grande avanço nas técnicas de medição, armazenamento e processamento de dados, fatos estes que contribuíram para o estudo e melhor compreensão do movimento humano.


A Biomecânica é um dos métodos para estudar a maneira como os seres vivos (principalmente o homem) se adaptam às leis da mecânica quando realizando movimentos voluntários. Para Donskoy & Zatsiorsky, a Biomecânica é a ciência das leis do movimento mecânico nos sistemas vivos e pode ser também definida como a aplicação da Mecânica a organismos vivos e tecidos biológicos.

Nigg define Biomecânica como sendo a ciência que examina as forças que atuam externa e internamente numa estrutura biológica e o efeito produzido por essas forças e Hatze apud Nigg afirma que ela é a ciência que estuda estruturas e funções dos sistemas biológicos usando o conhecimento e os métodos da Mecânica.

A Biomecânica estuda diferentes áreas relacionadas ao movimento do ser humano e animais, incluindo: funcionamento de músculos, tendões, ligamentos, cartilagens e ossos, cargas e sobrecargas de estruturas específicas e fatores que influenciam a performance.

A Biomecânica do Esporte se dedica ao estudo do corpo humano e do movimento esportivo
em relação a leis e princípios físico-mecânicos, incluindo os conhecimentos anatômicos e fisiológicos do corpo humano. No Brasil, os resultados das pesquisas em Biomecânica têm influenciado diretamente na medicina, ergonomia, fabricação de equipamentos esportivos e muitos outros aspectos da vida humana.

Ela também pode auxiliar na produção de conhecimento para aquisição de competências tecno-motoras, que levam em consideração as características dos participantes, do contexto e sua organização, possibilitando uma efetiva aprendizagem.

A Biomecânica tem acompanhado o ensino das técnicas associando a prevenção músculo-esquelética do indivíduo nas ações cotidianas, evitando assim que certos esforços desnecessários possam danificar suas estruturas e que sua ação motora seja racionalizada.

O progresso da Biomecânica como disciplina científica que estuda funções dos seres vivos tornou-se, ao longo dos últimos três séculos, muito amplo e disso resultaram múltiplas divisões didáticas e delimitação de território de especialidades científicas, tais como Biomecânica do Movimento Humano, Biomecânica Clínica e de Reabilitação, Biomecânica de Tecidos e Biomateriais, Biomecânica Músculo-esquelética e Métodos e Técnicas de Pesquisa em Biomecânica. Cada uma destas áreas, por sua vez, abrange diversas possibilidades.

Biomecânica como disciplina na Educação Física

Não só a Biomecânica como as outras disciplinas científicas levam em consideração características específicas de um campo de estudos relacionados com as diversas áreas da Educação Física. Quando o profissional insere-se no contexto específico desta profissão, ele percebe que, no sentido operacional, os conceitos determinados para cada Ciência são pelo menos pobres, e não informam as reais características de cada campo de conhecimento.

O que atualmente nota-se é a infinita gama de conhecimentos que o educador físico deve dominar para exercer sua função. A medida que o leque de atuação profissional dos diferentes campos de trabalho vai sendo ampliado, percebe-se que muitos dos conhecimentos julgados inúteis mostram-se extremamente adequados aos fenômenos apresentados.

É típico que os indivíduos que conhecem muito pouco do ramo científico, afirmem que o mesmo só de presta para um determinado fim.
Afirmações como essa, se tomadas como verdade dificultam a compreensão das reais possibilidades de aplicações das informações oriundas de qualquer tipo de conhecimento científico. Por isso é de fundamental importância que argumentações simplistas sejam examinadas quanto ao seu grau de veracidade, antes de serem adotadas como válidas de formas a evitar tanto quanto uma adoção precoce quanto uma rejeição incondicional.

Deve-se levar em consideração cada disciplina que compõe o espectro que investiga o movimento, como a antropometria, anatomia funcional, neurofisiologia, fisiologia geral, bioquímica, psicologia esportiva, medicina desportiva, ensino do movimento desportivo, sociologia, física, matemática e processamentos de sinais eletrônicos e a própria Biomecânica em uma análise multidisciplinar, para que se possa entender melhor a complexidade do estudo do movimento.
O que deve ocorrer é a habilidade de o professor saber usar destes conhecimentos gerando novos conhecimentos condizentes com a realidade em que seu público alvo está inserido, seja em clubes, academias ou escolas.

No caso da Biomecânica, por exemplo, pode-se afirmar que essa possui uma efetiva utilização como instrumento pedagógico. A partir de seus diversos conceitos, nota-se as diferentes abordagens e preocupações que ela traz. O ato educativo, admitido como principal ação da Educação física no contexto escolar, determina amplas possibilidades. Em primeiro lugar a Biomecânica não serve apenas como discussão do movimento e em segundo é que, mesmo quando ela está voltada para modalidades esportivas ou de alto rendimento não se faz da única possibilidade de aplicações e sim de mais uma área para sua atuação.

A Biomecânica ainda pode atuar com assuntos relacionados ao aperfeiçoamento da técnica do movimento, aperfeiçoamento do processo de treinamento, aperfeiçoamento e adaptações ambientais, aperfeiçoamento do mecanismo de controle de cargas internas do aparelho locomotor, aperfeiçoamento de sistemas para simulação de movimentos, aperfeiçoamento tecnológico instrumental para aquisição e processamento de sinais biológicos e ao aperfeiçoamento de sistemas para análises de movimentos e conseqüentes aplicações práticas.

O elo conceitual de teorias com as práticas de campo influencia a atividade e a condução do trabalho desenvolvido. 
Precisa-se entender que os métodos tradicionais de ensino e treinamento mostram o que e como ensinar, enquanto a Biomecânica permite entender porque determinadas técnicas são mais apropriadas do que outras.

Mais especificamente, a Biomecânica permite, entre outras coisas, melhorar o desempenho de atividades esportivas, melhorar a técnica de realização de movimentos, melhorar equipamentos utilizados em esportes ou em atividades do dia a dia, prevenir lesões e auxiliar na reabilitação de lesões. A Biomecânica preocupa-se com a descrição, análise e interpretação dos movimentos dos segmentos do corpo humano, através da aplicação dos conceitos básicos da física, química, matemática, fisiologia, anatomia, etc. 

As contribuições feitas pela biomecânica desportiva são amplamente proclamadas, entretanto, geralmente supervalorizados, ou mesmo distorcidos, a fim de aumentar as vendas do produto que está sendo divulgado e são, pois, virtualmente, como que uma medida do impacto que a biomecânica desportiva tem tido na prática. A biomecânica desportiva tem tido notável impacto sobre o ensino de técnica em educação física e nos esportes. 

Em resumo, a biomecânica tem tido uma influência muito maior nas práticas de educação física do que geralmente se reconhece ou anuncia. Professores, técnicos e atletas freqüentemente encontram-se na situação de fazer uma escolha entre duas técnicas destinadas a obter uma mesma finalidade.

Sem dúvidas a Biomecânica pode contribuir para a efetivação de processos educativos, que envolvam comportamentos corporais, mais conscientes e, conseqüentemente, marcados por concretas responsabilidades intencionalmente pedagógicas. Especificamente no ambiente escolar, o conhecimento da Biomecânica pode contribuir significativamente para a melhoria do ambiente, da saúde e da qualidade de vida dos alunos.

Tomando-se exemplos bem práticos, podem-se citar as mochilas carregadas pelos alunos e o mobiliário escolar. Estes dois fatores são causas de, no mínimo, desconforto, e podem em longo prazo causar graves danos às crianças. O professor de Educação Física, conhecendo as implicações Biomecânicas, pode conscientizar alunos, pais e demais professores para, pelo menos, minimizar as conseqüências nocivas.

Afinal, concebe-se o profissional da Educação Física como um agente com responsabilidades que vão além das aulas de Educação Física. 

Recuperação psicofísica após grave lesão

O acidente do piloto brasileiro de Fórmula 1 Felipe Massa, da escuderia Ferrari no Grande Prêmio da Hungria(2009), em Budapeste, trouxe à tona um dos temas mais difíceis da vida esportiva de um atleta: a recuperação psicofísica após uma grave lesão.


Atletas de esportes de risco, como esquiadores, surfistas, escaladores, pilotos de motociclismo e automobilismo, entre outros, estão no topo da lista daqueles atletas mais suscestíveis à graves lesões oriundas de acidentes.

Muito se diz sobre a importância de uma boa recuperação para que o atleta volte a competir no mesmo nível de atuação antes da lesão e é sabido que em muitos casos, há uma grande dificuldade por parte do atleta em atuar novamente com o mesmo padrão de desempenho.

O papel dos profissionais que atuam com atletas é de fundamental importância para que a recuperação aconteça com sucesso tanto na parte física como psicológica.

Ao acompanhar os trabalhos dos colegas norte-americanos psicólogos do esporte, Robert Weinberg e Daniel Gould, pode-se sugerir as seguintes diretrizes para uma boa administração dos profissionais do esporte para a recuperação de atletas lesionados:

1) Desenvolva uma relação de harmonia com o atleta 

O atleta lesionado frequentemente enfrenta uma forte confusão de emoções como, descrença, frustração, confusão e vulnerabilidade, em consequência há uma provável dificuldade de relação harmoniosa, portanto é preciso ser solícito, empático e oferecer todo o apoio ao atleta. E claro, ser otimista e positivo.

2) Aprendizagem sobre a lesão e o processo de recuperação 

É fundamental explicar ao atleta, de uma maneira simples e didática, como de fato aconteceu o acidente e como surgiram suas lesões e como o organismo se adapta para resistir as demandas da retomada da homeostasia (harmonia interna do organismo). Além disso, explicar ao atleta como será o processo de recuperação, a previsão da evolução gradativa da reabilitação e a importância de sua dedicação ao tratamento.

3)Aprendizagem de habilidades psicológicas específicas de enfrentamento 

Quando o atleta aprende a treinar habilidades psicológicas como, estabelecimento de metas, diálogo interior positivo, mentalização e relaxamento ele dá um grande passo para sua reabilitação.

Estabelecimento de metas, neste caso, pode ser considerado como estabelecer um tempo determinado para melhora e retomar algumas atividades, determinar número de horas para o tratamento e segui-las rigorosamente e decidir (sempre sob orientação) o número de exercícios de movimento, força e resistência a ser feito durante as sessões de reabilitação.

4) Diálogo interior e positivo 

O diálogo interior positivo auxilia na recuperação da autoconfiança e na motivação para a recuperação. É um diálogo realista, porém com otimismo e confiança, por exemplo: “Estou fraco e com medo, mas sei que isso é passageiro e vou continuar firme em meu tratamento, pois sou forte e superarei os obstáculos.”

5) Mentalização

A mentalização é utilizada para acelerar o retorno do atleta nas atividades esportivas. O atleta pode mentalizar, por exemplo, como seus músculos estão recuperando e ficando mais fortes. Mentalizar atuações futuras com desenvolvimento pleno de suas habilidades e também mentalizar a reação positiva de seu órgão lesionado em relação aos exercícios de recuperação.

O relaxamento feito de maneira regular auxilia na diminuição das dores e na regulação do estresse negativo que acompanha as graves lesões, seguidas dos possíveis traumas psicológicos, além do estresse causado pelo próprio processo de reabilitação. Ademais, o atleta ao empregar técnicas de relaxamento, auxilia a regulação do sono e da ansiedade.

A recuperação psicofísica de atletas gravemente lesionados é um processo que exige muita dedicação dos mesmos e da equipe de profissionais atuante.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Obesidade infantil pode causar fracasso psicomotor

Pais desempenham papel fundamental na prevenção e no tratamento do sobrepeso na infância.

O nosso corpo é o nosso principal referencial de espaço e é com ele que lidamos com o meio que nos cerca – objetos, pessoas etc. Para as crianças que estão acima do peso, alguns movimentos tornam-se difíceis e o próprio peso acaba sendo um limitador para que elas queiram se inserir nas brincadeiras – ainda mais naquelas que envolvem grupos e nas quais se sentem excluídas. Com baixa autoestima, as crianças acima do peso tornam-se ainda mais sedentárias e sentem-se desmotivadas a tentar participar de qualquer tipo de atividade, atrapalhando no seu desenvolvimento psicomotor.

José Leopoldo Vieira é educador físico, pedagogo e Dr. em Psicomotricidade Relacional do Ciar (www.ciar.com.br) e conta que essa dinâmica colabora para que a criança obesa deseje participar cada vez manos das atividades físicas, enfatizando sua dificuldade em relação à integração nos grupos, à sua falta de habilidade em se deslocar e se situar no espaço e, consequentemente, seu manejo com os objetos, pois fica desencorajada a enfrentar desafios que demandam mais habilidade física. 
“Esse quadro contribui para que a criança obesa entre naquilo que chamamos de profecia autorealizadora, pois ela passa a acreditar no que falam negativamente sobre ela, ou seja, que é lenta; desajeitada; frágil; que não anda, mas sim se arrasta; que não tem fôlego; entre outros. Tudo isso desencadeia um processo negativo em relação à suas habilidades relacionais, à presença no mundo, à sua expressividade no espaço.”

Obesidade infantil: educação física nelas – mas com moderação!

Um dos principais desafios do profissional de educação física ao lidar com crianças obesas está em fazê-la ter vontade de participar das atividades em grupo ou individuais e mostrar que elas são capazes de realizar os movimentos e emagrecer. Além da baixa autoestima, a obesidade infantil traz dificuldades de equilíbrio e movimento, pouco fôlego e a vergonha de se expor.

Para Vieira, o interessante seria propor, inicialmente, atividades com menor grau de dificuldade para que elas se sintam confiantes e passa a ter prazer em realizar o movimento. “Aos poucos, dentro de uma progressão pedagógica, busca-se ampliar os limites da criança, pois assim podem desfrutar dos benefícios dessas atividades, evitando contatar em demasia com a frustração de sentir-se incapaz no cumprimento de algumas tarefas”, completa.

A participação dos pais, professores e cuidadores é essencial para manter a motivação da criança

Dessa forma, é imprescindível que reconheçam o esforço e elogiem o progresso dos pequenos. Se os pais puderem participar das atividades, ainda será mais positivo, pois a criança a relacionará a um conteúdo afetivo e prazeroso e terá mais segurança para se exercitar.

Por meio de jogos, o profissional de educação física pode auxiliar a criança obesa a adquirir habilidades necessárias aos seus desenvolvimentos psicomotor e emocional e a escola deve ficar atenta ao comportamento dos alunos para facilitar a integração ao grupo e as situações de bullying.

O sedentarismo leva a uma falta de resistência física que expõe as dificuldades da criança obesa perante seus colegas.
Os adultos têm a responsabilidade de ajudá-la a praticar exercícios físicos, sempre respeitando seus limites físico e emocional, com progressão de dificuldade que demonstre para a própria criança o quanto ela está evoluindo.

“Com as atividades espontâneas vivenciadas no ‘setting’ da Psicomotricidade Relacional, a criança pode contatar com o despertar do desejo de fazer, construir, expressar-se, existir. Além disso, o contato com a agressividade positiva*, tanto a sua quanto a do outro, possibilita a afirmação de sua identidade no grupo. Assim ela pode se sentir capaz de defender a si, ao seus objetos, ao seu espaço para, enfim, viver o prazer, assumir seu desejo e, consequentemente, elevar sua autoestima”, diz Vieira.

Obesidade infantil: os pais como vilãos

A obesidade infantil é um problema multifatorial. A nutricionista Ana Carolina Hingel (https://www.facebook.com/anacarolinanutricionista?fref=ts) destaca que o risco de desenvolver obesidade na infância começa desde a gestação, quando a mãe se deixa levar pela fome e engorda demasiadamente; o tipo de parto – “até isso está relacionado a um organismo saudável para a criança!” -, o aleitamento materno etc. “Quanto mais cedo o bebê é retirado do ‘peito’, mais chances essa criança terá de desenvolver obesidade no futuro.”

Além disso, a alimentação vai além de uma necessidade biológica, segundo afirma a psicóloga especialista e mestre em Psicomotricidade Relacional Ana Elizabeth Luz Guerra, do Ciar: “ela possibilita que exista uma vinculação entre pais e filhos, na medida em que se configura numa comunicação profunda entre eles que se inicia já nos primeiros momentos da vida”. O choro causado pela fome passa a ser acompanhado pelo desejo de estar com o outro em uma dinâmica que segue por toda a vida e que passa a ser celebrada ao redor da comida. Ana lembra que cozinhar para um filho, mesmo adulto, pode significar um gesto de amor e o filho, ao desfrutar dele, simbolicamente, recebe o amor de seus pais.

O problema acontece quando os pais passam a estimular as crianças a vincularem carinho ao alimento

“Há casos em que a família acaba superalimentando a criança para preencher uma falta na relação, seja de tempo ou de afeto”, diz Ana Elizabeth, “os pais, às vezes, se sentem culpados por algum motivo e equacionam uma lógica de que nada pode faltar e, dessa forma, enchem a criança de brinquedos, comida e permissividade”. Com esse comportamento, os pais acabam desencadeando problemas de comportamento e até de saúde nos filhos, pois acabam permitindo que a obesidade chegue e se instale na vida dos pequenos, com todas as suas consequências.

O excesso de proteção, assim como sua falta, são ruins para o desenvolvimento infantil, pois coloca a criança numa relação de dependência afetiva. Ana Elizabeth lembra que os pais podem ter dificuldade para frustrar os filhos também na hora de escolher o que comer e, assim, a criança decide o que vai ingerir e acaba desenvolvendo hábitos alimentares pouco saudáveis.

Algumas famílias se orgulham de uma criança obesa, pois ela representa “fartura”, enquanto outras têm noção dos danos, mas não conseguem impor limites. Há casos ainda em que os pais apresentam um relacionamento conturbado com a alimentação e acabam transmitindo isso aos filhos, que os imitam. “Muitos pais só percebem a dimensão do problema depois que a criança apresenta alergias, intolerâncias e alterações clínicas e laboratoriais importantes. Aí entramos com o tratamento”, diz Ana Carolina.

Criança na balança

Até algumas décadas a ideia de que crianças poderiam fazer dieta era algo inconcebível. Apenas aquelas com alergias e intolerâncias é que seguiam regras mais específicas em relação à alimentação. Todavia, com a mudança no estilo de vida das famílias, a obesidade se tornou um problema mundial e um risco para a saúde de crianças de ambos os sexos, tornando a dieta uma alternativa para o tratamento da turminha.

Ana Carolina conta que a dieta, para crianças, funciona mais como uma educação alimentar para ensiná-la o que é comer de forma saudável. Há uma substituição dos alimentos que levam ao aumento de peso por outros mais nutritivos. “Gosto de fazer trocas inteligentes e saudáveis. A restrição total é muito difícil nessa fase da vida, até porque esta criança terá contato com alimentos muito ricos energicamente e pobres nutricionalmente em festinhas no colégio e com os amigos. E não precisamos restringir nada completamente, apenas, claro, em casos de intolerâncias, alergias e disfunções”, explica. A criança precisa entender porquê algumas substituições estão sendo feitas para que a dieta seja bem-sucedida.

O papel dos pais e dos educadores com a obesidade infantil

Muitas crianças reclamam do sabor e da textura de frutas, verduras e legumes – alimentos essenciais em qualquer dieta. Para eles, Ana Carolina indica o auxílio dos pais, que devem dar o exemplo: “se os pais não comem esse tipo de alimento, por que a criança deve comer? Fora que é importante explicar a importância de cada um deles para a saúde, dizendo o que é, quais vitaminas têm e o que acontece quando há a falta dessa vitamina”.

“A alimentação familiar é fundamental para a criança adquira bons hábitos. A relação dos pais com a comida e a consciência de que podem estar contribuindo positivamente ou negativamente para a saúde do filho deve ser investigada”, diz Ana Elizabeth. A família deve buscar auxílio profissional multidisciplinar, com terapeutas, médicos e nutricionistas para ressignficar sua relação com a comida e com o ato de alimentar os filhos e para ajudar a criança a se encontrar.

As escolas deveriam ter aulas de educação nutricional para ajudar a conscientizar as crianças da importância de uma alimentação equilibrada

A nutricionista lembra que algumas cantinas já substituíram os salgados fritos e os refrigerantes pelos sucos e salgados assados e há escolas que proíbem os alimentos altamente calóricos nas lancheiras. “Porém esse conceito ainda não está completamente disseminado e há pouca oferta de alimentos realmente saudáveis para uma substituição inteligente.”

Vieira reforça ainda da importância de conscientizar os pais da necessidade de incluir as atividades ao ar livre nos programas familiares para que os pequenos não se tornem sedentários. 

Ana Elizabeth conclui destacando que “em meu trabalho clínico com a Psicomotricidade Relacional percebo um aumento significativo de crianças com dificuldades emocionais relacionadas à obesidade. A imagem que tem si, muitas vezes distorcida, contribui para um quadro de isolamento em que ela nega o que mais deseja, que é interagir com os demais. Dessa forma, é importante que a família, a escola e todos que se relacionam com a criança estejam atentos aos seus comportamentos sintomáticos, pois são, em geral, mensagens endereçadas aos outros e que ela, sozinha, não consegue decifrar”.

*Segundo André Lapierre, criador da Psicomotricidade Relacional, a agressividade é um dos componentes da pulsão de vida.

Por Jornalismo Portal EF

Consultoria Técnica: Inara Silva de Moura  - Graduada em educação Física(UNIMONTE)Especialista em Psicomotricidade Relacional (CIAR), pós-graduada em Fisiologia do Exercício, membro titular da Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP), membro da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática (ABMP). E-mail: inarassantos@hotmail.com / http://www.sermotriz.com

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Brasil não está preparado para receber a Copa do Mundo?


No dia 22 de janeiro a presidente brasileira Dilma Rousseff inaugurou o estádio de futebol Dunas em Natal. Este foi o primeiro estádio para a Copa do Mundo 2014 a ser inaugurado este ano.

Mas até ao Mundial ainda se tem de terminar outros seis estádios. O Brasil não consegue cumprir o calendário de preparação dos estádios. Todos os trabalhos já deviam ter sido concluídos em dezembro de 2013.
A direção da FIFA expressou o seu desagrado pelo ritmo a que estão a decorrer os trabalhos. O presidente dessa organização Joseph Blatter escreveu indignado na sua página do Twitter: “Nunca vi este tipo de atrasos na preparação de um país para organizar um torneio de futebol.” O Brasil só conseguiu ter prontos apenas 6 estádios de futebol dos 12 estádios previstos. Contudo, parece que Blatter não está muito seguro da sua posição: depois das suas linhas indignadas ele troca a ira pela misericórdia e parece tranquilizar a si próprio: Dilma Rousseff prometeu construir todos os estádios e realizar uma Copa digna.
Só o fato de os bilhetes para as futuras partidas estarem sendo vendidos rapidamente já é uma prova que o mundo acredita no Brasil. Como podiam os torcedores não acreditar no Brasil? Este é um país onde futebol é quase uma religião. Estragar a festa do futebol seria um sacrilégio. A presidente Dilma escreveu no seu blogue que a futura Copa será a “Copa das Copas”:
“No Brasil, a Copa estará em casa, pois este é o país do futebol. Todos os que vierem ao Brasil serão bem recebidos, porque somos alegres e acolhedores. Amamos o futebol e por isso recebemos esta Copa com orgulho e faremos dela a Copa das Copas”.
Ninguém tem dúvidas acerca da paixão dos brasileiros pelo jogo mais popular do mundo. As dúvidas são outras: das capacidades e possibilidades para o país preparar a tempo os estádios e outras infraestruturas para a Copa Mundial de Futebol em 2014. Tanto mais que todos os prazos já foram ultrapassados. Dezembro era a reta da meta no fim da qual o Comitê Organizador Local da Copa devia ter dito: Bem-vindos aos estádios!
Infelizmente não chegámos a ouvir esse tipo de apelo. Pelo contrário, ainda em finais de 2012 o secretário-geral da FIFA Jérôme Valcke já tinha comentado com bastante dureza os ritmos da construção dos novos estádios. Os brasileiros ficaram mesmo indignados e quase obrigaram o dirigente da FIFA a pedir desculpas pela crítica alegadamente sem fundamento e a acusação de que eles não sabiam fazer as coisas. Mas eis que o mesmo Valcke afirma a 21 de janeiro que o estádio de Curitiba poderá ser excluído da lista de estádios que irão receber a Copa do Mundo se a organização não acelerar os ritmos de construção. “Nós não podemos realizar partidas sem um estádio e a construção deste já atingiu seu limite crítico”, disse Jérôme Valcke segundo uma citação da France-Presse. Também foi marcada a data para a entrega final do estádio – o dia 18 de fevereiro! O estádio de Curitiba ainda não tem gramado, não tem assentos para os espectadores, o centro de imprensa não está prontoa cobertura não está montada … Entretanto o custo de construção inicial do estádio subiu dos 180 milhões de reais para os 265 milhões.
Para Curitiba estão planejados quatro jogos da fase de grupos, incluindo um da seleção russa. Além do estádio de Curitiba, na lista dos estádios por acabar também figuram os de São Paulo, Cuiabá, Porto Alegre e Manaus. O ministro do Esporte brasileiro, Aldo Rebelo, culpa disso tudo a natureza e o caráter dos brasileiros: que somos lentos no arranque, mas… Mas uma coisa é verdade – ainda falta entregar seis estádios.
O futebolista brasileiro Ronaldo, membro do Comitê Organizador da Copa disse com uma voz rouca, da emoção ou do resfriado, na coletiva de imprensa: “Um, dois meses de atraso, não tem importância. Os estádios estarão prontos para o Mundial. Todos eles”, garantiu, sem demonstrar preocupação com a prorrogação do prazo para a entrega dos estádios de Natal, Manaus, Curitiba, Porto Alegre, Cuiabá e São Paulo.
Fazer tudo em cima da hora faz parte do "jeitinho brasileiro", disse Ronaldo: “O gringo, no geral, não conhece o nosso jeitinho brasileiro de ser e fazer as coisas. É muito característico isso no brasileiro, de fazer as coisas no último momento e começar uma correria, mas a gente tem todas as garantias de que todos os estádios estarão prontos para a Copa.”
Temos de notar que na coletiva de imprensa de 31 de dezembro houve muita ironia e brincadeira. O ministro do Esporte Aldo Rebelo comparou a lentidão na construção dos estádios com uma noiva que se atrasa:
“No Brasil temos uma instituição muito tradicional, que é o casamento. Nunca fui a um casamento em que a noiva chegasse na hora, mas nunca vi um casamento deixar de acontecer por causa disso. Não há nada que comprometa a realização da Copa. Nós queremos que os estádios sejam entregues o quanto antes possível porque as arenas precisam passar pelos eventos de teste.”
Em janeiro, além da inauguração do estádio em Natal, a comissão de aceitação irá visitar o estádio mais tropical – Manaus, onde deverão jogar os compatriotas de Joseph Blatter, os suíços. Outras duas arenas esportivas deverão, ao que tudo indica, ser entregues só em fevereiro.
A tarefa mais difícil será a reconstrução do estádio de Itaquera, em São Paulo, onde se deve realizar a cerimônia de abertura da Copa do Mundo de Futebol. Como se sabe, no início de dezembro nesse estádio ocorreu uma derrocada sobre um setor e caiu uma torre de iluminação. Os engenheiros e os operários estão terminando agora a reconstrução da parte que sofreu a derrocada. O secretário-geral da FIFA Valcke pôde testemunhar a capacidade dos brasileiros para fazerem milagres: o estádio de Itaquera já está quase pronto para receber a cerimônia de abertura da Copa.
Além dos problemas de construção a organização do Mundial enfrentam um inesperado problema social. Durante os grandes protestos do inverno passado, as pessoas expressaram o seu descontentamento, nomeadamente, pelos gastos financeiros excessivos com a realização da Copa do Mundo. A isso se juntaram, neste momento, outras ações de protesto. Os habitantes de um dos bairros do Rio de Janeiro entraram em confrontos com a polícia protestando contra o derrube de suas casas no âmbito de preparação para o Mundial 2014.
Os confrontos ocorreram perto do estádio do Maracanã. É aqui que se deve realizar a partida final da Copa do Mundo. “Isso é especulação imobiliária: eles querem construir aqui um centro comercial. Os brasileiros devem se sacrificar para que tudo corra bem na Copa do Mundo”, declarou um dos ativistas. Desde 2010 da zona circundante do Maracanã foram desalojadas 637 famílias. As autoridades municipais planejam terminar o derrube das casas até finais de janeiro.
Algumas pessoas falam da possibilidade de aumentar as ações de protesto mais próximo da data do início da Copa do Mundo. Relativamente a isso a direção da FIFA expressa uma perfeita tranquilidade. "Eu sou um otimista, não um covarde. Então, eu não tenho medo. Mas sabemos que haverá novas manifestações, protestos. Os mais recentes, na Copa das Confederações, no mesmo país, nasceram das redes sociais. Não havia nenhum objetivo, reivindicações reais, mas, durante a Copa do Mundo, haverá mais concretas, mais estruturadas. Mas o futebol estará protegido, eu acho que os brasileiros não atacarão diretamente o futebol. No país deles, é uma religião", disse Joseph Blatter numa entrevista ao jornal suíço 24 Heurs.
Por mais calma olímpica que o dirigente da FIFA demonstre, o governo brasileiro está tomando medidas para o reforço da segurança dos participantes e dos torcedores do Mundial de Futebol. Para reforçar a polícia as cidades anfitriãs dos jogos irão receber 10.650 elementos da Força Nacional de Segurança. Esses homens foram treinados para a manutenção da ordem pública em qualquer local onde se realizem partidas da Copa.
Esses destacamentos especiais já ganharam experiência de manutenção da ordem nos Jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio de Janeiro e dos eventos realizados na altura da visita ao Brasil do Papa Francisco. Não houve qualquer reparo a fazer ao seu trabalho. O lado financeiro da questão é um segredo, mas alguns dados sugerem que a segurança da Copa do Mundo 2014 custou 1 bilhão de reais, um pouco menos que o planejado para o mesmo efeito nos Jogos Olímpicos de 2016.
Viacheslav Osipov